23 maio 2015

Breve nota sobre a visão política de António Aragão

Breve nota sobre a visão política de António Aragão

Nestes tempos conturbados, cabe fazer uma nota relativamente à posição política de António Aragão. António Aragão, como Homem defensor da Liberdade, era completamente contrário a todos os regimes autoritários. Numa das raras entrevistas que acedeu conceder à televisão, António Aragão iguala o fascismo português salazarista ao comunismo soviético, qualificando claramente ambos como Estados ditatoriais (documentário sobre António Aragão produzido pela RTP em 1994, minuto 16.30, http://www.youtube.com/watch?v=c6LWST35Df4). De facto, para António Aragão nazismo e comunismo eram a mesma coisa com nomes diferentes, o nacional-socialismo e o internacional-socialismo. Embora no seu círculo de amigos existissem pessoas que perfilhavam a ideologia comunista, António Aragão sempre combateu, directa e indirectamente, na sua Obra e em todas as suas intervenções, todas as fórmulas políticas em que o Estado revestisse uma presença forte na sociedade. E tanto no nazismo como no comunismo, o Estado é omnipresente. Encontrando-se Portugal, desde há vários anos, em crise económica, cabe divulgar a presente nota, de modo a combater os oportunismos políticos que se tentam aproveitar do nome de António Aragão para fins obscuros. Na verdade, António Aragão nunca apoiou nem apoiaria nunca, partidos comunistas, nazistas ou de outras ideologias semelhantes. Os partidos comunistas, embora não tendo representatividade nas sociedades desenvolvidas - como é o caso da União Europeia, ambicionam chegar ao poder, ou pelo voto (meio impossível dada a discordância da maioria da população) ou por um golpe de Estado, para instalarem uma hedionda ditadura criminosa e sanguinária, em que os Direitos Humanos são destruídos na sua totalidade, e em que o poder do Estado assume dimensões absolutamente perversas, condenando todo o povo à miséria, à excepção de um pequeno grupo constituído pelos próprios líderes malévolos do Estado, ou seja, do partido único, os quais vivem no maior luxo e ostentação às custas da ditadura que implantaram. O ataque à liberdade é tão destrutivo, que nem a liberdade de pensar é permitida; inclusivamente a liberdade religiosa, tal como acontece nos Estados islâmicos radicais, é aniquilada por completo. A António Aragão repugnava e enojava por completo tais ideologias. Por ser um Libertário Individualista, António Aragão defendia uma sociedade em que a soberania do Estado existisse com o único objectivo de defender a soberania dos Indivíduos. E não o contrário. Estados ditatoriais ou mais interventivos não reconhecem o Indivíduo como essencial, mas sim diluem-no no todo, sendo o Indivíduo apenas um meio de servir a vontade dos líderes do Estado. Este nefasto modelo de Estado é vigorosamente combatido por António Aragão em toda a sua Obra. Vale a pena lembrar as lições da História, também tão bem resumidas neste documentário de grande qualidade que se recomenda: The Soviet Story (A História Soviética, com legendas disponíveis em Português). Porquanto é a Liberdade de todos nós que está em causa.

Marcos Aragão Correia (único Filho de António Aragão).

 

14 maio 2015

Documentário sobre António Aragão, produzido pela RTP em 1994

 
Documentário produzido em 1994 pela RTP sobre António Aragão, da autoria da jornalista Maria Luísa.
A Família de António Aragão agradece a gentil autorização concedida pela RTP - Rádio e Televisão de Portugal para a divulgação pública deste importante documentário.
 

Câmara Municipal do Funchal vai criar museu com obras de António Aragão

CMF investe 166 mil euros para comprar

mais de 100 obras de Aragão

CMF também quer criar futuramente um espaço de exposição sobre António Aragão


Oito quadros, uma escultura, pinturas a óleo, um lote com diversos documentos de pesquisa, cartas, dedicatórias, textos, poemas e correspondência trocada com diversos autores e até um quadro com técnica mista da autoria de Herberto Helder, poeta madeirense recentemente falecido, são algumas das mais de 100 obras e objectos seleccionados (veja a lista completa no quadro) para aquisição pela Câmara Municipal do Funchal, pertencentes a António Aragão.

Recorde-se que, em Fevereiro, o espólio de António Aragão, figura ímpar da Cultura Madeira (pintor, escultor, escritor, historiador e investigador madeirense), foi colocado à venda em leilão público, isto depois de o anterior Governo Regional de Alberto João Jardim ter recusado uma proposta para o adquirir na totalidade por 500 mil euros. O leilão, realizado na Agência Mouraria, acabaria por ser um dos mais concorridos dos últimos anos, tendo sido vendidas 30% das peças do espólio.

Nessa altura, a Câmara Municipal do Funchal demonstrou interesse em adquirir algumas peças de António Aragão e no dia 26 de Fevereiro, por unanimidade, a autarquia aprovou, em reunião camarária, a proposta (feita pelo CDS/PP) para a aquisição de parte do espólio do artista madeirense.

“Sendo o Funchal um município turístico e assumindo esta actividade grande importância económica, importar desencadear esforços no sentido de aumentar e diversificar a oferta cultural, enriquecendo-a através do contributo dos grandes vultos da cultura do século XX, como o é António Aragão”, começa por referir a autarquia no texto da proposta de aquisição de 21 obras que hoje será votada na reunião da CMF.

E lembra que a CMF já homenageou António Aragão atribuindo o seu nome a uma rua da cidade e “agora presenteia toda a comunidade, local e forasteira, com a possibilidade de privar com parte do seu espólio que, em tempo e local próprio, será catalogado e exposto ao público”.

Mais do que um tributo à sua pessoa e à sua obra, “com esta aquisição o município do Funchal tem por objectivo criar um espaço de exposição e interacção, através do qual será possível manter vivo o seu nome e conhecer melhor a sua obra. Na verdade, o contributo que António Aragão deu à cultura é vasto mas, porventura, pouco divulgado pelo que importa reverter essa realidade”, salienta a CMF.

A autarquia deixa claro que “a história é feita de momentos e o município do Funchal reconhece que este é um momento que não pode deixar passar e assim marcar a história do município enriquecendo-o culturalmente”.

E termina frisando que as obras que o município se propõe adquirir estão elencadas numa lista e resultam de uma selecção feita pelo museólogo Francisco Clode de Sousa e baseada em dois critérios fundamentais: “Por um lado, as que retratam o homem enquanto indivíduo e enquanto artista, completo e versatilidade, e por outro, obras que evidenciam a sua relação com o Funchal e valorizem o acervo museológico da cidade”.

in Diário de Notícias Madeira, 14 de Maio de 2015
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/516328/5-sentidos/516340-cmf-investe-166-mil-euros-para-comprar-mais-de-100-obras-de