05 abril 2017

António Aragão recalled at the Electronic Literature Organization 2017 Conference, Festival and Exhibits (Oporto city)

The ELO (Electronic Literature Organization) is pleased to announce its 2017 Conference, Festival and Exhibits, to be held from July 18-22. The Conference is hosted by University Fernando Pessoa, Porto, and the Festival and Exhibits will be held in the center of the historic city of Porto, Portugal.

Titled «Electronic Literature: Affiliations, Communities, Translations», ELO'17 will welcome dialogues and untold histories of electronic literature, providing a space for discussion about what exchanges, negotiations, and movements we can track in the field of electronic literature.

The three threads (Affiliations, Communities, Translations) will weave through the Conference, Festival and Exhibits, structuring dialogue, debate, performances, presentations, and exhibits. The threads are meant as provocations, enabling constraints, and aim at forming a diagram of electronic literature today and expanding awareness of the history and diversity of the field.

Our goal is to contribute to displacing and re-situating accepted views and histories of electronic literature, in order to construct a larger and more expansive field, to map discontinuous textual relations across histories and forms, and to create productive and poetic apparatuses from unexpected combinations.

Affiliations

Electronic literature is trans-temporal. It has an untold history.

Topics: Multiple diachronic and genealogical perspectives on electronic literature, providing room for comparative studies; Untold archeologies and commerces between electronic literature and other expressive and material practices; Intermedia and ergodicity in Baroque poetry, futurism and dada; concretism, Videopoetry and Fluxus; Videoart and soundart; and how these expressive forms are recreated and transcoded in digital forms of literature; Early experiments in generative and combinatory literature; Performances mapping the aesthetic and material antecedents of electronic literature; Attention to remixing/re-coding of previous materials from the avant-gardes.

Communities

Electronic literature is global. It creates a forum where subjects in the global network act out and struggle over their location and situation.

Topics: Expanding our understanding of electronic literature communities and how literature is accounted for within diverse communities of practice; Case studies of individual communities as well as broader engagement with how communities form and develop, and how they interact with and create affinities with other communities; Comparative case studies: Artists’ books; Augmented and Virtual Reality; Perl poetry; Sound-video practitioners; ASCII art and Net.Art; Hacktivism/Activism; Memes and Fan Fiction cultures; Minecraft, Twine, Bots and Indie Gaming; kids' e-lit; and how these practices are connected to electronic literature. Performances engaging with the diversity of practices in electronic literature and affiliated communities, as well as their critical awareness of network aesthetics.

Translations

Electronic literature is an exchange between language and code. It contains many voices.

Topics: Electronic literature as translation in the broadest possible sense; Beyond interlinguistic translation: emulations, virtualizations, re-readings, and interpretations; Limits and specifics of the programmability of natural languages as a means of literary expression; Plagiotropy; Linguistic, intermedial and intersemiotic translation; Code and text translation; Generative literature and emulations of historic electronic literature; Re-readings and interpretations of previous works; How these activities expand our understanding of literature and textuality; Performances addressing linguistic reflexivity and their engagement with translation, broadly understood, i.e., as a transcoding mechanism involving exchange in and across media, languages and cultures.

25 março 2017

Diário de Notícias Madeira: «Obra de António Aragão ainda surpreende»

Diário de Notícias Madeira
Quinta-feira, 23 de Março de 2017
Jornalista Paula Henriques

Obra de António Aragão ainda surpreende

Rui Lopes sai em defesa da obra do escritor e poeta madeirense António Aragão

Rui Lopes é o director artístico do espectáculo de teatro ‘Textos do Abocalipse’, a partir do livro homónimo do autor madeirense António Aragão. Vai estrear em Santarém, no dia 1 de Abril.

Porque pegou nestes ‘Textos do Abocalipse’? Eu descobri o Aragão em 92, numa aula do Alberto Pimenta que foi meu professor na faculdade. E a partir daí fui investigando, fui procurando sempre e fui lendo. E agora nesta última fase tenho colaborado com o Teatro Sá da Bandeira aqui em Santarém, especialmente desde que o Pedro Barreiro é o director artístico, e já tínhamos comentado várias vezes que há uma série de nomes que, vai-se lá saber porquê, não aparecem. Não aparecem nas agendas culturais, não são muito citados, não são muito referenciados. E um desses nomes é precisamente o António Aragão. No conjunto daquela geração que passou pela poesia experimental, pela poesia concreta, visual, acaba por ser, se calhar, um dos nomes - não é o único obviamente – mas é um daqueles que na minha opinião são mais injustiçados, talvez até pela dimensão da obra.

E a escolha deste livro de contos? Há um lado pessoal porque foi o primeiro livro que eu li do António Aragão. Foi o tal livro que o Alberto Pimenta mostrou na aula. Foi precisamente no ano em que este livro saiu, faz 25 anos. E é um dos livros que lido após estes anos todos, eu diria que é um livro ainda bastante fresco, é um livro ainda com uma vitalidade muito forte, não é um livro datado. É um livro que quer a nível estilístico, quer a nível temático, relido agora, ainda surpreende.

O desafio foi grande, em termos de adaptação ao palco? A ideia inicial e que de alguma forma não foi adulterada, era um conceito relativamente simples, que era como se estivéssemos a fazer uma reedição do livro em palco, numa linguagem diferente, que é a linguagem do palco, das artes performativas, mantendo a ordem original dos textos, respeitando a autonomia de cada, ao mesmo tempo tentando integrá-los num espectáculo que conseguisse encontrar a linha, o tom comum, que unifica todos estes textos e com destaque para o próprio texto. É, será, se tudo correr bem, um espectáculo que tem o texto como elemento principal, portanto não tanto a acção. Alguns contos serão mais dramatizados do que outros, há soluções diferentes, há várias soluções que vão ser exploradas, tendo em conta também o caracter específico de cada conto.

A adaptação é sua? Em sentido estrito, nem podemos falar propriamente adaptação. Há uma adaptação que é de um meio, de um livro para um espectáculo. Mas não há aquela dramaturgia clássica de um texto narrativo para um texto dramático. Respeitamos o texto exactamente como ele está. De alguma forma o que vai acontecendo não é exactamente uma ilustração do texto, mas é explorar um bocadinho tudo aquilo que o texto sugere e explorar formas diferentes de dizer o texto, de trazer o texto para a frente do espectáculo.

A companhia é residente no Sá da Bandeira? Não. O Teatro não tem uma companhia residente. A nível de produção, o que tem acontecido é tem havido produções que partem do teatro, ou que pelo menos têm o teatro como base de suporte, de apoio, mas que de alguma forma conseguem congregar agentes artísticos que nalguns casos estavam um bocadinho mais dispersos e que agora com alguma frequência se reúnem, se juntam e descobrem interesses comuns, descobrem referências comuns e ao fim de algum tempo começam a ter ideias e fazem espectáculos e propõe espectáculos. Eu sigo um bocadinho esta linha que é uma linha ao mesmo tempo um bocadinho fluída, sem uma estrutura rígida, mas ao mesmo tempo com o Teatro, a proporcionar esse suporte, quer ao nível técnico, quer ao nível de produção, de montagem. E foi um bocadinho nesta linha que este espectáculo surgiu. Eu tive a ideia inicial, o conceito original é meu.

A encenação também é sua? A encenação é partilhada. O que eu assumo aqui é o conceito original e há três contos que são encenados por mim. Depois cada um dos outros contos é encenado por uma pessoa diferente.

Tudo dentro do mesmo espectáculo. Exactamente.

E quantos actores levam os ‘Textos do Abocalipse’ a palco? São três actores, eu empresto também a minha humilde voz a um dos textos e uma das encenadoras também faz uma perninha, também aparece.

Quem são os actores? Joana Santos, Luís Coelho e Carolina Lopes. Cada um deles encena um dos textos. Depois o Pedro Barreiro encena um outro texto e a Silvana Ivaldi encena outro texto.

Há possibilidade e interesse em viajar para outros palcos? Interesse há. Possibilidade poderá também ocorrer. Neste momento os nossos planos são a estreia no dia 1 com espectáculo único. A partir daí, logo vemos. Aquilo que estas estruturas têm de vantajoso, depois também têm a contraparte, que é a desvantagem de juntar depois estas pessoas todas à volta de uma agenda que seja comum. Há essa dificuldade, mas é sempre possível, o espectáculo não vai ter uma estrutura muito pesada a nível de produção, a nível de montagem, é relativamente fácil pô-lo a circular.

Há interesse em vir à Madeira? Gostaríamos muito, é uma hipótese que nos agradaria bastante.

O Rui Lopes é um professor com uma paixão pelo teatro, ou um homem do teatro com gosto pelo ensino? Profissionalmente eu sou professor e sou tradutor. E agora a partir do dia 18 [Março] autor, agora publicado. O teatro aparece inicialmente como uma paixão extraprofissional que acabou por ser incorporada também na dimensão profissional, depois de ter feito alguma formação na área. Durante alguns anos leccionei oficina de teatro. Essa experiência deu origem a um grupo de teatro juvenil, formado aqui em Santarém, fui quase obrigado pelos meus ex-alunos que queriam continuar a fazer teatro. O grupo durou oito anos sempre com actividade regular. Todos os anos participámos no projecto Panos da Culturgest, criámos espectáculos nossos, foi um grupo com uma actividade ainda bastante, para a dimensão que tinha e para o carácter que tinha, de grupo juvenil, foi um grupo com muita actividade. Entretanto o grupo acabou, por variadíssimas razões, porque já estava a chegar à altura de acabar. E a partir daí, tenho feito projectos destes. Ainda em Outubro estreámos uma adaptação de ‘A Menina Júlia’, do Strindberg. O Pedro Barreiro, no ano passado, convidou-me para orientar um laboratório de criação teatral no Teatro da Bandeira que depois também deu origem a um espectáculo. Digamos que extraprofissionalmente vou sempre estando ligado ao teatro de uma forma ou de outra.

E criar uma companhia? De vez em quando pensamos nisso. Mas ao mesmo tempo agrada-nos um bocadinho esta semianarquia de nos juntarmos quando nos apetece e de podermos desenvolver um projecto que é prensado com a mesma seriedade que pensaríamos se tivéssemos uma companhia. É uma hipótese.

Riqueza da Linguagem

‘Textos do Abocalipse’ tem várias mensagens nas linhas e entrelinhas, a vários níveis. “Uma delas tem a ver, e o próprio título remete para essa leitura, que é a revelação de momentos da nossa pequena humanidade, momentos do quotidiano, dos medos, da incapacidade de diálogo, da dificuldade de comunicação, e ao mesmo tempo a banalidade dessa comunicação, aliás um tema muito presente na obra do Aragão.” mas não é única, o grupo identificou outra menos consensual. “É uma linha de um certo humor negro quase absurdo, que remete precisamente para essa linha, por exemplo do teatro do absurdo, que de alguma forma dá um tom que se vai manifestando ao longo dos oito textos de formas diferentes, em graus diferentes. E simultaneamente também um outro aspecto muito importante, que é a própria carga poética do texto. Em todos os textos há uma exploração poética da linguagem, às vezes para jogar com essa banalização da linguagem, para expor essa banalização da linguagem mas depois, com muita frequência também, alternadamente, para aproveitar as potencialidades poéticas da linguagem”, refere o professor.


17 março 2017

Diário de Notícias Madeira: «‘Textos do Abocalipse’ escolhidos por Rui Lopes. Obra de António Aragão em espectáculo no Teatro Sá da Bandeira em Abril»

Diário de Notícias Madeira
Quarta-feira, 15 de Março de 2017
Jornalista Paula Henriques

‘Textos do Abocalipse’ escolhidos por Rui Lopes

Obra de António Aragão em espectáculo no Teatro Sá da Bandeira em Abril

António Aragão, à esquerda, com o escritor Alberto Pimenta. Foto Arquivo Global Notícias

Estreia no dia 1 de Abril em Santarém, no Teatro Sá da Bandeira, um espectáculo de teatro criado a partir do livro ‘Textos do Abocalipse’ (1992), de António Aragão, madeirense pioneiro da poesia experimental em Portugal. O trabalho com o mesmo título é levado à cena através de uma parceria entre o encenador Rui Lopes e Pedro Barreiro, director artístico e programador deste espaço cultural.

António Aragão nasceu em 1921 em São Vicente e faleceu em 2008 no Funchal, sendo um dos ilustres autores madeirenses, com obra não apenas no domínio da literatura – escreveu poesia, ficção e para teatro, mas também da pintura. O autor de ‘Textos do Abocalipse’ fez formação em Lisboa, Coimbra, Paris e Roma, antes de assumir a direcção do Arquivo Distrital do Funchal, tendo deixado uma vasta obra, onde sobressai o jogo de palavras que criava.

Sobre o livro de contos em questão, escreveu Thierry Proença dos Santos na Revista Margem 2, Número 28: “Se do livro se pode tirar uma lição e aplicá-la aos dias que correm será, sem dúvida, a do exercício permanente da crítica, da inventividade e do inconformismo que o texto exemplifica”.

A sessão em Santarém será seguida de uma conversa sobre ‘poesia irreverente e de resistência’ em Portugal.

in Diário de Notícias Madeira, 15 de Março de 2017

Teatro Sá da Bandeira: Textos do Abocalipse, de António Aragão



Teatro Sá da Bandeira
Rua João Afonso nº7
2000-055 Santarém

Textos do abocalipse
de António Aragão

Sinopse
Textos do abocalipse, publicado em 1992, é um livro de António Aragão que contém revelações extraordinárias sobre uma estranha espécie animal (e que deve ser lido várias vezes e com muita atenção).
Textos do abocalipse, em 2017, é um espetáculo que apresenta os oito textos do livro de António Aragão, pela sua ordem original, do princípio ao fim.

Ficha técnica
Texto: António Aragão
Conceito original: Rui Lopes
Criação cénica: Carolina Lopes, Luís Coelho, Joana Santos, Pedro Barreiro, Ricardo B. Marques, Rui Lopes, Silvana Ivaldi e Tiago Correia.
Interpretação: Carolina Lopes, Luís Coelho, Joana Santos, Rui Lopes (voz) e Silvana Ivaldi.
Desenho de luz e som: Ricardo B. Marques e Tiago Correia
Conceção gráfica da folha de sala: Fernando Brito
Texto introdutório (prefácio): Alberto Pimenta

1 de abril de 2017 - Teatro Sá da Bandeira – Santarém
21.30
Duração: 120 minutos (aprox.)
Preço: 3 euros
Classificação etária: maiores de 12


Rui Lopes (1971)
Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses/Ingleses, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Mestre em Teoria da Literatura, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Professor do Ensino Básico e Secundário, desde 1994. 
Traduziu obras de Ambrose Bierce (Tinta da China), Charles Bukowski (Antígona), Peter Brook (Orfeu Negro), dedicando-se, nos últimos anos, à tradução de livros para crianças na coleção Orfeu Mini (Oliver Jeffers, Peter Newell, entre muitos outros).
É autor, com a ilustradora Renata Bueno, do livro Aqui há gato, a publicar em março de 2017 na coleção Orfeu Mini.
Fundou o grupo de teatro AN!MAL (2007-2015), em Santarém, com antigos alunos da disciplina de Oficina de Teatro, tendo encenado diversas peças, sobretudo no âmbito do projeto Panos, da Culturgest. Posteriormente, dirigiu o Laboratório de Criação Teatral, no Teatro Sá da Bandeira, que culminou com a apresentação do espetáculo Instalação. Em 2016, apresentou o espetáculo MISS, a partir de Menina Júlia, de August Strindberg, reposto em 2017.

Livro da autoria de António Aragão adaptado ao Teatro


Num trabalho original de Rui Lopes, em colaboração com Carolina Lopes, Luís Coelho, Joana Santos, Pedro Barreiro, Ricardo Marques, Silvana Ivaldi e Tiago Correia, foi adaptado ao Teatro o Livro da autoria de António Aragão, Textos do Abocalipse.
A peça de teatro, em forma de homenagem a António Aragão, reúne os 8 textos do livro, mantendo a sua ordem original.
Subirá ao palco no dia 1 de Abril de 2017, no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém.

António Aragão na Conferência ELO'17 «Electronic Literature: Affiliations, Communities, Translations»


A ELO - Electronic Literature Organization está a organizar a conferência «Electronic Literature: Affiliations, Communities, Translations», a ter lugar este ano no Porto, entre 18 e 22 de Julho. Tendo como Chair Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa) e Sandy Baldwin (RIT), a edição deste ano pretende ser um espaço de debate sobre intercâmbios, negociações e movimentos no campo da literatura eletrónica. A ELO Conference é um evento incontornável nesta área de investigação. É a primeira vez que esta conferência é organizada em Portugal e, este ano, contará com a presença de mais de 250 académicos e artistas, oriundos de mais de 35 países.
A Obra de António Aragão será abordada na sua condição de pioneira no âmbito da Poesia Experimental Portuguesa.
Website oficial da conferência:

Obras de António Aragão em exposição na Galeria ZDB (Lisboa) até 15 de Abril

in Observador, 12/02/2017:
Jornalista Joana Emídio Marques
Redescobrir a Poesia Experimental Portuguesa na ZDB


Dois cartazes de António Aragão, Operação 1 (1967), o mais importante autor deste movimento

Na Lisboa do fim dos anos 50 entre Surrealistas, Abjecionistas e Neorealistas, de costas voltadas para o Orfeu de Pessoa e fora das portas do Café Gelo, surgia aquele que foi, e é, o mais marginal e o menos conhecido movimento literário português do século XX: a Poesia Experimental.

Não obstante ter congregado nomes como Herberto Helder, Alexandre O’ Neill, Ana Hatherly, António Barahona, E.M Melo e Castro ou Luiza Neto Jorge, aquele que ficou conhecido como o PO-EX, foi sempre olhado com a paternalista condescendência de quem observa uma brincadeira de crianças. E se no Brasil a poesia concreta tem, até hoje, uma forte pujança e ganhou fôlego com as novas tecnologias, em Portugal este género de obras tem poucos seguidores. Assim, a exposição VERBOVOCOVISUAL, na Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, em Lisboa (inaugura a 12 de fevereiro), promete ser uma pedrada no charco. São quase uma centena de obras, realizadas entre 1960 e 1975, happenings, conferências, lançamentos de livros, performances para ver ao longo dos próximos dois meses e redescobrir a génese deste projeto artístico que durante mais de uma década colocou Portugal na vanguarda da poesia.

Para as 17 horas do dia 12 de Fevereiro, está marcada uma reencenação do happening “Concerto e Audição Pictórica”. Este concerto aconteceu um dia depois da inauguração da primeira exposição do movimento, em 1965, e será agora recriado pelos poetas e músicos Américo Rodrigues, António Poppe, Rafael Toral, Nuno Moura, Lula Pena, entre outros.

“A Poesia Experimental tinha um amplexo de liberdade, de rutura e uma força criativa verdadeira, do tempo em que o pão se fazia com boa farinha. Eles criaram uma relação de agitação de inquietação com o leitor, com o espectador e acredito que essa inquietação faz a falta hoje. A PO-EX tinha um forte carácter político mesmo que isso não fosse tão óbvio como era o Neorealismo”, afirma Natxo Checa, o curador da exposição, que quer chegar a um público alargado, que não é só o público da poesia ou da música mas que é o público diferenciado da ZDB. “Esta é uma exposição histórica, não espero menos do que 50 pessoas por dia”, diz, ainda.

PO-EX: a poesia como arte total

Esta ambiguidade, indefinibilidade e polivalência do real são testemunhadas, no plano da representação estética, pela experimentação e o encontro sucessivo, desajustamentos e ajustamentos entre a imaginação e a realidade (…) Trata-se de uma regra tradicional que a tradição esquece, quando perde o dinamismo sobre que assenta. Porque a tradição é um movimento. Em principio não existe nenhum trabalho criativo que não seja experimental…”Herberto Helder, 1964
Este excerto pertence ao editorial do primeiro número dos Cadernos de Poesia Experimental, de 1964, a primeira publicação dedicada a este movimento e que é organizado por Herberto Helder em conjunto com António Aragão. Não tendo nunca havido um manifesto, este texto, que pode ser visto e lido na ZDB, traça as ambições do PO-EX: contrariar a estereotipização do poder criativo operada pelo cânone literário e, como acrescentará Ana Hatherly “pelos mitos enraizados no meio literário português, como a verdade, o talento, a inspiração”.

O movimento rejeita o psicologismo , o projeto nacionalista órphico, o sentimentalismo, as regras da métrica e da gramática e aproxima-se do movimento da poesia concreta brasileira iniciado no início da década de 50 pelos irmão Haroldo e Augusto Campos, Décio Pignarati, Pedro Xisto. Estes autores também estão representados na VERBOVOCOVISUAL, tal como Pierre Garnier, Henri Chopin, Ian Hamilton Finlay, John Furnival, Ken Cox, Bob Cobing, dos movimentos da poesia experimental da Alemanha, França e Inglaterra.

A Poesia Experimental aproximava-se do matemático e do maquínico, dos algoritmos mas também recuperava os milenares pictogramas, hieróglifos, anagramas. Letras, notas musicais, onomatopeias, filmes, grafittis, banda-desenhada, ready-mades, escultura, cartazes. Era, enfim, uma “máquina de emaranhar paisagens”, retomando o titulo de um poema de índole experimental de Herberto Helder. Resumindo, nem sempre podia estar contida num livro, precisava das ruas, precisava do corpo dos autores, aspirava a ser não apenas um ato intelectual, uma fruição burguesa, mas uma experiência corpórea, sensorial total. Escreve Ana Hatherly:

Tratava-se de um acto de rebeldia contra o status quo, um questionar profundo da razão de ser do acto criador. Uma arte que assume ser sempre metalinguagem e uma reflexão sobre o código(…) pois a literatura de hoje reflete e ilustra a decadência da classe dominante, que dela se apropriou para uso rotineiro e institucional…”
Apesar de o movimento só aparecer formalmente nos anos 60, a verdade é que já nos anos 50 surgem trabalhos que se aproximavam ao que estava a ser feito pelo Movimento da Poesia Concreta no Brasil. Um dos primeiros é a obra Espelho Cego de Salette Tavares (1957), autora que viria a ser uma das mais profícuas deste movimento com os seus “jogos gráficos de escrita, de desconstrução de palavras, repetição e omissão, transformação da sintaxe, brincadeiras com letras soltas, que geram novos e provocatórios significantes e significados”, como escreve Adelaide Ginga do MNAC. Mas há também trabalhos de José-Alberto Marques, de 1958, de Alexandre O’Neill, de 1960.

Ao longo de mais de uma década o PO-EX viria a juntar poetas de passagem como Herberto Helder, António Barahona, Cesariny, Ângelo de Lima, Ramos Rosa que depois derivaram para outras formas poéticas, mas também nomes que se confirmaram dentro do PO-EX, entre eles António Aragão, E.M Melo e Castro e Ana Hatherly, Liberto Cruz (Álvaro Neto), Abílio-José Santos, Fernando Aguiar e Silvestre Pestana. Todos eles representados agora na ZDB.

Apesar de ter perdido a força combativa depois de 1975, e de ter poucos seguidores o PO-EX teve ainda contribuições importantes nas performances de Alberto Pimenta e a VERBOVOCOVISUAL homenageia também este autor e outros devedores do experimentalismo como os Calhau!, Alexandre Estrela, B-Fachada, Manuela Pacheco e Sei Miguel.

Como escreve Rui Torres, um dos autores com mais investigação desenvolvida sobre a Poesia Experimental Portuguesa e cujo trabalho pode ser visto aqui: “A poesia experimental continua a ter uma posição marginal no mercado literário”. Os seus formatos anteriores e atuais escapam sempre ao convencionalismo, hibridizam os géneros, procuram transgredir a gramática enquanto forma de poder sobre a linguagem.

VERBOVOCOVISUAL

Propondo um percurso expositivo cronólogico, VERBIVOCOVISUAL percorre os antecedentes da poesia experimental através de bibliografia nacional e internacional publicada entre meados dos anos 50 até 1975. As publicações coletivas que nomearam a poesia Experimental: PO-EX 1 e 2, Operação 1 e 2 e Hidra 1 e 2 expostas nas paredes cruzam-se com “Ideogramas” de Ernesto de Melo e Castro, obra fundamental do concretismo literário português. Definem ainda o espaço os filmes “Roda Lume” (1968) de Melo e Castro e “Música Negativa” (1977) de Ana Hatherly, objetos poemáticos e espaciais de António Aragão ou Salette Tavares, e outros trabalhos originais em formatos diversos incluindo cartazes, pintura, desenho, serigrafia, folhas de sala, etc.

O percurso é encerrado com a reposição da exposição “Concepto Incerto”, que Ernesto M. de Melo e Castro apresentou em 1974 na livraria Bucholz em Lisboa.

VERBIVOCOVISUAL: Poesia concreta e experimental portuguesa de 1960 a 1975 está patente na ZDB, de 12 de fevereiro a 15 de abril, Segunda a Sábado, 19h00 às 23h00. A Curadoria pertence a Natxo Checa. Entrada: 2 euros


24 novembro 2016

Diário de Notícias Madeira: «Marcos Aragão acusa Câmara Municipal do Funchal de má-fé»

Diário de Notícias Madeira
Quinta-feira, 24 de Novembro de 2016 
Jornalista Sandra da Silva Gonçalves
Foto Rui Silva

 Marcos Aragão acusa CMF de “má-fé”
 Filho de António Aragão considera que a autarquia funchalense não está interessada na aquisição do seu espólio, contrariando a intenção que foi manifestada publicamente

 Espólio de António Aragão é um marco histórico na cultura madeirense

Marcos Aragão Correia acusa a Câmara Municipal do Funchal (CMF) de “má-fé” pelo facto de não responder “a nenhum dos diversos contactos empreendidos tanto por telefone, como por escrito” pela advogada Isabel Duarte que, neste momento, está a tratar do processo referente ao espólio de António Aragão.

O filho do artista disse que, na altura em que Ricardo Veira já não era o advogado que estava a dirigir o caso, a CMF “continuou a endereçar correspondência” ao mesmo, notificando-o no dia 14, isto é, quando este já tinha o mandato revogado, para, num prazo de 10 dias, providenciar o levantamento do espólio que se encontra guardado no Teatro Municipal Baltazar Dias, salientando que “a autarquia não se responsabiliza, em caso algum, pela perda ou deterioração dos bens em referência”.

“Ou seja, ao contrário do que a CMF sempre declarou publicamente, esta, na verdade, não manifesta na prática qualquer interesse na aquisição do espólio de António Aragão”, frisou.

No seu entender, esta situação significa que a autarquia funchalense está a “desprezar” a advogada e empenhada na “imediata devolução” do espólio em vez de negociar a aquisição, inclusivamente “numa altura em que o leiloeiro já comunicou a aquisição directamente com a família por não nos representar mais no referido processo”.

“Isto é, a CMF reservou, por iniciativa própria [e não nossa], o espólio do meu pai desde 26 de Fevereiro do ano passado, tendo deliberado a aquisição e o seu pagamento, mas nunca o pagou nem tentou ultrapassar com os proprietários qualquer problema que existisse, sendo que, entretanto, tomou posse dele no início de Outubro de 2015. Com este comportamento de autêntica burla qualificada, a CMF causou-nos um prejuízo enorme na ordem de centenas de milhares de euros, não só por nos ter impedido de, entretanto, vendermos o espólio a verdadeiros interessados fora da Madeira [perdemos numerosas oportunidades, documentadas], como também ofendeu gravemente a honra e a dignidade do nome do meu pai, que foi negativamente afectado no mercado da arte pelo ostracismo a que a autarquia do Funchal votou o espólio artístico de António Aragão”, reforçou.

Tendo isto em conta, revelou que já foram dadas instruções à advogada para, “a se verificar a continuidade deste comportamento criminoso da autarquia do Funchal, ser intentado ainda durante o corrente mês, junto da Procuradoria-Geral da República, um processo crime contra Paulo Cafôfo, por suspeita fundada e documentada da prática do crime de prevaricação, que estabelece o seguinte: O titular de cargo político que conscientemente conduzir ou decidir contra direito um processo em que intervenha no exercício das suas funções, com a intenção de por essa forma prejudicar ou beneficiar alguém, será punido com prisão de dois a oito anos.”, concluiu.

in Diário de Notícias Madeira, 24 de Novembro de 2016

16 novembro 2016

António Aragão (résumé)


António Aragão
Painter, Sculptor, Historian, Researcher, Writer and Poet,
António Aragão was one of the most important personalities
of Portuguese Culture

Painter, sculptor, historian, researcher, writer and poet, António Aragão was one of the most important personalities of Portuguese Culture during the last century until his death in 2008.

António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia, was born in Portugal, Madeira Island, in S. Vicente on the 21st of September 1921. He died in Funchal on the 11th of August 2008. He soon broke the barriers of geographical isolation to perch himself on academic stages and afterwards he earned, with high merit, aesthetics, art and technique, a cutting-edge place in Portuguese culture.

He graduated in Historical and Philosophical Sciences from the Faculty of Linguistics at the University of Lisbon and in Librarianship and Archive from the University of Coimbra. He studied Ethnography and Museology in Paris under the guidance of the Director of UNESCO's International Council of Museums. He attended the Central Institute of Restoration in Rome, where he specialized in art restoration and worked in the laboratory of restoration of the Vatican. He held a scholarship for the Calouste Gulbenkian Foundation in Paris and Rome.

Aragão Mendes Correia was a man of rich creativity, lively, controversial, nonconformist, sometimes even eccentric he left his indelible personal marks  in places he passed through. It was hard not to notice him when he got to work, whether it was in the investigation of history and ethnography, or when he sculpted, painted or wrote. The amount of cultural heritage that he has handed down to Portugal, and in particular to Madeira, is much richer, in quantity and quality, than the recognition he received. During Antonio Aragão’s life a street was named after him in Funchal as a gesture from the city hall, however, the real tribute is still to be done.

He was Director of Madeira Regional Archive and also Director of Quinta das Cruzes Museum (Funchal). He was the brother of the now deceased Ruth Aragão de Carvalho,  who was married to the actor Ruy de Carvalho. He is the father of Marcos Aragão Correia, a well-known Lawyer, Activist and Author.

As a researcher of the history of Madeira Island, he published: “Os Pelourinhos da Madeira” – Funchal 1959  ; “Quinta das Cruzes Museum” -  Funchal -1970; “For the History of  Funchal- Small steps of its memory”- Funchal  1979;  “Madeira seen by foreigners 1455-1700”  Funchal 1981; The arms of the city of Funchal in the course of its history”-  Funchal 1984; “For the History of Funchal” – 2nd editions reviewed and complemented – Funchal 1987; The spirit of the place- Funchal city- Lisboa 1992.

Within the studies he carried out, the excavations on the land where the airport was built must be highlighted, where previously stood Nossa Senhora da Piedade Convent from the fifteen century - Santa Cruz - 1961.

The result of this dig was the survey of the general layout of this Franciscan Convent and the study of its typical features, what stands out from the exhumation of the varied booty, is the patterns of hispanic Moorish or mudéjar decorative tiles, coming from the South of Spain. What also stands out are the multiple copies of Portuguese decorative tiles from the sixteenth and seventeenth centuries as well as primitive elements in stonework – convent doorways, windows, main archway of the church, water mains,  gravestones, pavements, which lay nowadays in the gardens of  Quinta Revoredo – House of Culture of Santa Cruz.

All works were fully documented with stringent plans, drawings and photographs. This work, commissioned by Junta Geral do Distrito do Funchal, was delivered in this institution and, in turn, at the time, deposited partly in the Quinta das Cruzes Museum.

In the area of Ethnography he carried out the collection of Traditional music from Madeira and Porto Santo Islands in 1973, co-authored with professor and musician Artur Andrade, which was published in 2 LPs in 1984.

In literature he participated in collective actions, anthologies, and other significant events: “ Experimental poetry” -  1964 e 1965 (he is the cofounder of this magazine); Visopoemas . 1965; Ortofonias  (with E.M. Melo e Castro) – 1965, Operação I -1967; Hidra I -1968 , Hidra 2 -1969 ; Anthology of New  Portuguese Poetry -1971, Anthology of tangible poetry in  Portugal - 1973, European Visual poetry anthology -1976; Portuguese poetry anthology. 1940-1977. 1979; Anthology of Surrealist Poetry in Portugal; OVO/POVO -  1978. Lisbon and 1980, Coimbra; PO.EX. 80 - National Gallery of Modern Art, Lisbon - 1980 e 1981 ; Filigree. (Journal of international expansion). Co-founder - 1981, Funchal; Portuguese lyrics – Anthology - 1983; Poemografias - 1985; I International  Lively Poetry Festival  1987, Figueira da Foz;  Poetry: other writings, New supports -1988 -Setúbal;  Electroarte - Commun Grave. Lisbon - 1994.

At an international level his participation in the following must be pointed out: Seville 1980; in Italy and Brazil 1982; 1983, Cuenca; 1984, Commune of Milan -  Italy ; 1984, San Francisco, U.S.A. and Barcelona; 1985, Israel and New York; 1986, México and  Seville; 1987, México and France; 1989, Italy and  Paris; 1990, Siegen -  Germany, México and Washington - U.S.A.; and  1992, Madrid.

He collaborated in various demonstrations of Mail-Art and Exchange, spreading his work in specialty magazines. He wrote for “Comércio do Funchal” ; Línea Sud - Naples; Letras e Artes - Lisbon; Express; Colóquio-Artes/Calouste Gulbekinan Foundation; Diário de Notícias – Lisbon ; Comercio do Porto; Espaço Arte. I.S.A.P.M. and Diário de Notícias -Funchal.

In fiction we must point out: Romance of Izmorfismo - 1964; A hole in the mouth - 1971; The 3 Farros (with Alberto Pimenta), 1984; Apocalipse Texts - 1992.

In the area of poetry we must refer to: First Poem -1962; Folhema I and Folhema II -1966; More exactly p(r)o(bl)ems -1968; Blue and White  Poem - 1971. Banks - 1975; Space Poetry  POVO/OVO (áudio-visual), 1977; Matenemas, 1981; Pátria, Couves, deus, etc, com Tesão, Política, Detergentes, etc, 1993; Joyciaba - In Joycina -1982.

For theater he wrote the NAKED disaster in 1980 that won the National Prize.

As an artist he stood out both in painting and sculpture. As a sculptor he is noted for Santana, in hard stonework, in  Santana City Hall - 1959; He is also renowned for the following works: the monument that commemorates the 5th centenary of the death of Henry the Navigator, the sculpture in stone that was part of the project leaded by the architect Chorão Ramalho, Porto Santo 1960; the bas-reliefs in polychromatic ceramic allusive to the work in the sea and agricultural activities, that is located in the Municipal Market of Santa Cruz, 1962.

In painting he has been renowned since the 1940’s, due to different themes covered and the study of distinguished techniques.  He carried out several exhibitions in Portugal (Divulgação Art Gallery, Quadrante, Galeria III, Diferença Art Gallery, Calouste Gulbenkian Foundation – II Portuguese Painting Exhibition) and abroad – Spain (Madrid, Seville, Barcelona) ; Mexico, France (Paris); Italy (Rome and Turin).

António Aragão completed a contemporary art project based on new technologies, in a house that he owned, at Lapa, in Lisbon. The project encompassed a "popular education association" with an avant-garde art gallery, to which PATRONAGE was assigned by the Secretary of State for Culture.

Before the prolonged illness that he suffered until his death, António Aragão, now back in Funchal, painted his last paintings, a series to which he entitled "the monsters”", a true and corrosive critique on the hypocrisy dominant in society.

António Aragão’s last solo exhibitions took place in Madeira.

The antepenultimate exhibition that was commissioned by António Rodrigues in April of 1996 took place at the House of Culture in Santa Cruz. In this exhibition 16 of his last paintings were included and also a retrospective selection of 13 other paintings developed in the 1950’s and 60’s using different techniques.

The penultimate, Retrospective Exhibition, took place at  “Casa da Luz”, in Funchal.

The last exhibition of António Aragão before his death, was at Madeira Contemporary Art Museum (S. Tiago Fortress in Funchal).

António Aragão’s family (wife and son) donated a great part of his historic assets to Madeira Regional Archive.

«António Aragão is one of the greatest people from Portuguese Culture of the 20th century. He carved the figure of the façade from Francisco Franco School, and he also left magnificent ceramics - in addition to this he had been a great Historian, and we must point out his great work as Director of Madeira Regional Archive during the 70’s.»

Dr. Rui Carita - Visiting Professor of History at Madeira University and Colonel from Portuguese Army.



António Aragão by the perspective of Dr. Jorge Marques da Silva:

«It’s rare to find a person with activities so dispersed, so rich, so widespread and so professionally specialized. He recreates history studying the past with; he fights for  the assurance of his permanence through scientifically applied restoration; he  reads the reality of the present, he understands and he explains investigating in an avant-garde experimentalism the goals of the future, he invents in the solitude of the island new directions that are from the world.

Historian, restorer, novelist, museologist, ethnographer, painter, sculptor or poet, he escapes all the attempts of exact cataloguing.

He published a book about the History of Madeira and he had others to publish or almost finished; he studied in Rome and Paris with a grant from the Calouste Gulbenkian Foundation;  he implemented historical and urban studies, including the cataloguing of Funchal and Porto Santo and the artistic inventories of a part of Madeira Island - Calheta, Ponta do Sol, Ribeira Brava and Câmara de Lobos Counties- (by the request of  specialized official entities), which are awaiting to be published. He also began to collect a great part of the folklore and ethnography from Madeira and Porto Santo.

It's not the specialist of our century which deepens the restricted knowledge of reality, he has a syncopated vision of life; It's not the encyclopedist that on its dispersion does not deepen the truth; It's not the philosopher who absorbed through the mental gymnastics forgets life’s material character. He is a bit of everything, but too much of everything.

This complexity raises the myth. The figure of António Aragão is involved in the questions of mystery when, in closed circles, late into the night, we ask ourselves again: but who's Aragão?

Known in foreign cultural media, anthologized in several publications both domestic and international, his activities seldom took prominent place in the Island’s press. He is an unknown in the Island that he knows.»

Dr. Jorge Marques da Silva, Art teacher at Madeira University, in Catalog of the retrospective exhibition of painting of António Aragão (1957-1965).


António Aragão by the perspective of Dr. Fernando Aguiar:

«António Aragão, who died on the 11th of August  [2008] in Funchal, was one of the forerunners of Experimental Poetry in Portugal in the beginning of the 60’s and of electrophotographic during the 80’s. He was followed by a group of artists such as António Nelos, António Dantas e César Figueiredo, among others, who undertook important work in this area, he was the main theoretician.

As an experimental poet António Aragão had a fundamental importance in the creation of this movement, together with Ana Hatherly, E.M. de Melo e Castro, Salette Tavares, and José-Alberto Marques, being at the origin of the “Poesia Experimental 1 e 2” (1964 e 1966), “Operação” (1967), Suplemento do “Jornal do Fundão” (1965) e da “Hidra 2” (1969) magazines.

He was also one of the creators of the first  “happening” in Portugal, “Concerto e Audição Pictórica”, together with E. M. de Melo e Castro, Jorge Peixinho, Salette Tavares, Manuel Baptista, Clotilde Rosa e Mário Falcão, in 1965.

As a writer António Aragão published “Um Buraco na Boca” [A hole in the mouth] (1971), the first experimental novel published in Portugal, and some poetry books such as “Folhema 1” and “Folhema 2”, both from 1966, “Os Bancos” (1975) and “Metanemas” (1981).

During 1968 he published  “mais exacta mente p(r)o(bl)emas”[more exactly p(r)o(bl)ems], this was the book which raised interest in experimental poetry, and is one of the fundamental books in my training as a visual poet. As I had mentioned several times it was included in a Congress at Mexico City where we both took part. I write out the preface of my book : “Os olhos que o nosso olhar não vê” [the eyes that our sight doesn’t see]: “A very special greeting for António Aragão,  because, with his book “MAIS EXACTA MENTE P(R)O(BL)EMAS” ”[more exactly p(r)o(bl)ems] that I bought in a used bookstore when I was sixteen (together with “POEMAS POSSÍVEIS” [POSSIBLE POEMS] from  an unknown poet who is today is a Nobel laureate) he took me irreparably to this form of poetic expression.”

The work of the António Aragão has not yet been studied adequately to be given the importance it deserves in contemporary poetry in Portugal.

I've always had tremendous admiration and friendship for Aragão who participated in more than three dozen activities organized by me such as Exhibitions, Festivals, poetry Anthologies and collections of experimental Portuguese poetry published in several international magazines and I prefer to leave here some previously unseen images of this important creator and friend.»

Dr. Fernando Aguiar, Art teacher and Artist.


News from Lusa Press Agency on the 11th  August  2008:

Madeira: António Aragão, great figure of the 20th century culture died

Funchal, 11th August (LUSA) - The poet, historian, painter and sculptor from Madeira Island, António Manuel de Sousa Aragão, 86 years old, deceased today , in Funchal, illness victim.

Lusa
19:37 Monday, 11th of August 2008
António Aragão distinguished himself in various areas of national and regional culture. He graduated in History and Philosophic Sciences by from the Classical University of Lisbon and in Librarianship and Archive from the University of Coimbra.

He trained in France and Italy, in ethnography, museology e and art restoration and as a painter he exhibit in Barcelona and London and he also participated in avant-garde experiences in England, Brazil and Italy.

The historian Rui Carita remembered him, to Lusa Press Agency, as a "great friend and one of the major figures of Portuguese culture of the 20th century."

With "Poema Primeiro", "Folhemas 1,2,3 e and 4", "Mais Exactamente P(r)o(bl)emas", "Os Bancos e Metanemas" " he was one of the greatest poets from the 60’s".

António Aragão also tried fiction - "Um Buraco na Boca" - and dramaturgy - "Desastre Nu" - and also left a legacy in sculpture.

"For example, he carved the figure of the façade from Francisco Franco School , having also left magnificent ceramics - aside from being a great historian", recalls  Rui Carita, who also emphasized "his great job as Director of  Madeira Regional Archive, during the 70’s".

LAR.
LUSA – Portugal Press Agency.

15 novembro 2016

"O levantamento que o Dr. António Aragão fez nos anos 60, do património edificado da cidade do Funchal, quase 60% já foi destruído"

António Aragão


Excerto da intervenção do deputado (independente) Gil Canha na reunião plenária de 6 de Janeiro de 2016 da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira:

«Aqui na Madeira, efetivamente, como já digo há muito tempo, nós sempre nos preocupámos mais com o preço do aguardente e do vinho do que propriamente com o nosso património. Basta dizer que o levantamento que o Dr. António Aragão fez nos anos 60, do património edificado da cidade do Funchal, quase 60% já foi destruído. O Dr. António Aragão publicou vários artigos em várias revistas, referenciou muitas quintas, muitos monumentos, muitas fortificações e até habitações na cidade do Funchal, infelizmente foram quase todas elas demolidas. E aquilo que falou, faz-me lembrar a famosa Quinta Deão, que foi um crime que já foi praticado no tempo do Estado Novo. Temos um corolário de destruição do nosso património que é, de facto, assustador.
Lembro que o próprio Dr. Miguel Albuquerque também foi um instrumento da demolição do nosso património, basta dizer que há bem pouco tempo, na Praça do Carmo, demoliu uma moradia do século XVIII que deu agora lugar a uma pastelaria e a um edifício de escritórios que, como há muita falta de escritórios na Madeira, fez-se lá uns escritoriozinhos.
Lembro-me também dum crime que foi praticado aqui na Madeira, pela Cooperativa, se não me engano, a Nossa Casa, que foi a questão do Palácio dos Menezes, que era, de facto, uma moradia lindíssima, com pinturas do Max Roemer no interior, e que foi destruído pelos patos bravos da Madeira Nova.
Uma vergonha e que nós fomos assistindo, sempre, sempre sob o pretexto do desenvolvimento e de dar emprego e que, de facto, não se podia ser Velhos do Restelo, contra o desenvolvimento, que foram sempre os chavões do regime do PSD e que cada vez têm destruído mais a nossa cidade.
Aliás, eu costumo dizer que o Dr. Miguel Albuquerque fez mais destruição no nosso património edificado do que o bombardeamento dos submarinos alemães na Primeira Guerra Mundial!
(...)
nós sabemos que existem ali, no Infante, moradias dos anos 40, e eu fiz um grande esforço, quando estive na Câmara, para classificá-las, infelizmente o Sr. Prof. Paulo Cafofo fez um grande esforço para desclassificá-las, e neste momento o processo voltou atrás.»,

Gil Canha.

12 novembro 2016

Poema de António Aragão: "Câma Minicipal do unhal - MÁGUAS - AVISO"

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS6MEY2CeyCBHbF8xjlghoh56igoOyZ3KVLEw15i_HdZKcvApD7p2_vAY0znE4xXzHOsyRnEjHvMJ7_YEmkiLAHSCws-fSjSy0io5hQTJE5VmEX8SGztyXzqHiuIIY7KUF3FxQjc6OMDw/s1600/AntonioAragaoPoemaCamaraMunicipalFunchal.jpg

Câma Minicipal do unhal - MÁGUAS - AVISO, in Mais exactamente p(r)o(bl)emas, António Aragão, 1968.
Poema seleccionado pela PO.EX no âmbito da intervenção, memória, descomemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, 10 de Junho de 2014.
PO.EX resulta de dois projectos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela União Europeia, tendo tido a Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa como Instituição proponente.
http://po-ex.net/exposicoes/visitas-guiadas/portugal-camoes-comunidades

29 outubro 2016

Projecto Cultural "In Memoriam António Aragão" suspenso por falta de pagamento da Câmara Municipal do Funchal

Os Membros da "In Memoriam António Aragão" decidiram por unanimidade suspender todas as actividades deste Projecto Cultural devido ao persistente e intolerável atraso no pagamento do Espólio Artístico de António Aragão por parte da Câmara Municipal do Funchal. Esta decisão foi baseada em recentes declarações de responsáveis pela autarquia do Funchal, os quais afirmaram que "não há uma data para que a compra se concretize", quando a informação que a Família de António Aragão disponha era de que o Espólio iria ser adquirido até máximo Dezembro de 2016. Foi na convicção de que esta informação era verdadeira, que se avançou com toda a organização deste Projecto Cultural e se envolveram numerosas destacadas personalidades da Cultura a nível nacional e internacional, cinco das quais integraram o Júri para os Concursos de 2017.
Em consequência, porque não aceitamos enveredar pela mesma via de engano, desonestidade e decepção que a Câmara Municipal do Funchal tem tomado ao longo de todo este processo, é que não consideramos aceitável continuarmos a trabalhar com todo o empenho num Projecto que parece agora estar condenado à partida por falta de financiamento. Nem nos parece aceitável iludirmos os já tantos envolvidos e interessados num Projecto em relação ao qual a autarquia do Funchal declara tacitamente como "morto".
Recordemos que foi há já quase dois anos, mais concretamente há mais de 20 meses (no dia 26 de Fevereiro de 2015), que o Sr. Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, anunciou publicamente que a sua autarquia tinha deliberado por unanimidade a compra do Espólio de António Aragão, tendo assim procedido à sua reserva e impedindo a Família de o apresentar fora da Madeira. Durante quase um ano o processo arrastou-se com uma tremenda falta de empenho por parte da Câmara Municipal do Funchal, limitando-se esta a culpar o intermediário, sem nunca ter tentado ultrapassar com os herdeiros, os legítimos e únicos proprietários do Espólio, esses alegados problemas. Problemas que cessaram imediatamente quando o contrato com o intermediário caducou no passado dia 23 de Fevereiro, passando os herdeiros (Marcos Aragão Correia e Anabel Aragão Correia) a ocuparem automaticamente o primeiro lugar em todas as negociações. A este facto respondeu a autarquia com uma pretensa necessidade de "regularizar a titularidade do Espólio"(?), como se não bastassem os documentos notariais confirmando quais eram os herdeiros de António Aragão, e portanto os titulares do Espólio. Até à presente data a autarquia continua tentando "confirmar a titularidade do Espólio", não se tendo contudo coibido de tomar posse dele na primeira semana de Outubro de 2015 (no Teatro Baltazar Dias). Na altura, para a mesma Câmara Municipal, pareciam não existir quaisquer problemas nem com o intermediário, nem com a "titularidade" do Espólio, caso contrário não teria a autarquia aceite tomar posse do mesmo (há mais de um ano portanto).
Assim sendo, e devido à flagrante desonestidade deste órgão autárquico do Estado Português, ficam suspensas, por falta de financiamento, todas as iniciativas Culturais que já tínhamos lançado, o que mais uma vez confirma as afirmações de muitos especialistas, entre os quais o Prof. Dr. José Martins Barra da Costa, de que Portugal é governado por psicopatas.
Decidimos também que a suspensão dos trabalhos tomará a forma de cancelamento definitivo se no dia 30 de Novembro do corrente ano o Espólio continuar por pagar.

07 outubro 2016

Diário de Notícias Madeira: In Memoriam António Aragão mais abrangente

Diário de Notícias Madeira
 Sexta-feira, 7 de Outubro de 2016
 Jornalista Paula Henriques, Foto Rui Silva

 In Memoriam António Aragão mais abrangente
O concurso vai ter um prémio para não residentes. O júri será presidido por Rui Torres.
O concurso visa promover o poeta e a poesia experimental.

 

O Concurso Literário de Poesia Experimental In Memoriam António Aragão vai chegar também a autores nacionais e internacionais com a criação de um segundo prémio no âmbito deste projecto de Marcos Aragão Correia para apoiar e promover, nacional e internacionalmente, poetas talentosos nesta área literária, enquanto perpetua a memória do pai, António Aragão, como um dos principais fundadores da Poesia Experimental Portuguesa. Inicialmente anunciado apenas para madeirenses residentes na Região, o concurso foi entretanto revisto e contempla agora um prémio para não residentes. O júri será presidido por Rui Torres.
A nomeação dos membros do júri é outra das novidades do projecto, cuja primeira edição será dedicada a Poesia Experimental e está a ser preparada para ser lançada em 2017, contemplando o Prémio Poesia Experimental Madeira e o Prémio Poesia Experimental Internacional. A par do presidente do júri, Rui Torres, foram convidados para compor o painel decisor Fernando Aguiar, Joana Matos Frias, Manuel José Portela e Sandra Guerreiro Dias.
A organização acredita que com o alargamento do concurso irão concorrer “pessoas de todas as partes do globo, dado que o Concurso terá ampla divulgação internacional, desde logo pelo peso internacional dos membros do júri e dos seus amplos contactos em outros países”. Como ambos os prémios estarão associados no mesmo Concurso, acrescenta Marcos Aragão Correia, “o nome da Madeira será divulgado, a nível Cultural, por todos os círculos internacionais. Esta foi uma importante decisão de modo a dar ainda mais a conhecer e apoiar a Cultura na Madeira e os seus talentos.”
O regulamento do concurso ainda não está fechado. A versão preliminar situa a fase de candidaturas entre os dias 9 de Janeiro de 2017 e 30 de Junho do próximo ano. Cada concorrente pode apresentar uma obra inédita de Poesia Experimental da sua autoria, contendo um mínimo de 30 e um máximo de 100 poemas experimentais.
As obras deverão ser enviadas para os endereços de email rtorres@ufp.edu.pt e info@aragao.org, acompanhadas de identificação, digitalização de documento de identificação e comprovativo de residência.
O júri terá 90 dias para analisar os trabalhos. A votação não é secreta e o reconhecimento público poderá ser estendido ainda com a atribuição de cinco menções honrosas para cada prémio.
O valor pecuniário do prémio não foi tornado público. Será complementado com diligências para a primeira edição das obras premiadas.

in Diário de Notícias Madeira, 7 de Outubro de 2016